sexta-feira, janeiro 25, 2008

E ninguém estranha a ausência de modelos negras?


Não sei de quem é a frase, mas ela é muito interessante: “o maior truque do Diabo é fazer as pessoas acreditarem que ele não existe”. Em minha opinião, a mesma idéia podemos aplicar ao racismo no Brasil: ele é forte, pois há uma impressão dele nunca ocorrer, mas está muito forte e articulado.
Um das provas é o cancelamento das cotas na Universidade Federal de Santa Catarina. O fato foi noticiado com estardalhaço, sem levar em conta a existência deste instrumento de inclusão social, em 51 estabelecimentos de ensinos no país, incluindo o caso de Bebedouro. E não há enxurrada de processos.
Santa Catarina é o estado ideal para esta briga. Negros são minoria da população, mas a maioria dos pobres catarinenses. E exceto a cota, não há uma ação sequer para tentar mudar esta realidade.
Santa Catarina é um pedaço do Brasil, que não estranha a ausência de modelos negros no maior evento de moda de São Paulo. O Ministério Público federal vai questionar os organizadores. Será curioso saber qual a justificativa para atitude. Estilistas americanos ou franceses fazem questão de ter modelos negros.
Mas a elite brasileira sempre escondeu sua fase miscigenada. E utiliza de muitas estratégias para justificar seu racismo. O autor da novela Duas Caras, Aguinaldo Silva apela para um pseudo debate sobre atuação do movimento estudantil e negro, para aumentar a audiência de um roteiro fraco. Ele coloca um estudante negro, como um líder picareta, a se aproveitar da própria cor de pele para derrubar o reitor. O uso até irônico do termo afro-descendente ou afro-brasileiro na boca do elenco, para ter a intenção de provar uma ação pública.
Talvez seja saudável ver o debate sobre a existência de pratica racistas neste país e a necessidade de ações para eliminar seus danos, chegue até o STF. Talvez lá seja tomada uma atitude, que o Congresso Brasileiro se recusa a tomar: vota os projetos de lei sobre o assunto.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Lazaro Ramos: ator e militante



O Ceará nos deu ótimos humoristas: Renato Aragão, Chico Anísio e Tom Cavalcanti. Mas a Bahia nos dá ainda ótimos atores. Com a maioria da população negra, seria impossível impedir o surgimento de um grande ator afro-brasileiro: Lazaro Ramos.
Não falo isto por causa do personagem Evilásio, da novela Duas Caras. Ali vemos só uma das melhores atuações dele. Mas Com participações em filmes como: O Homem Que Copiava, Carandiru, Cafundó, Meu Tio Matou um Cara, Ó Pai Ó, Cidade Baixa.
Mas a melhor interpretação para mim fica para Madame Satã, homossexual, de nome João Francisco dos Santos, assíduo freqüentador do reduto da Lapa, nos anos 30, onde trabalhava muitas vezes trabalhou como segurança de casas noturnas, quando defendia prostitutas de agressão física.
Madame Satã enfrentava polícia, e por isto era frequentemente detido por desacato. Mas usava a capoeira para se defender ou lutar em favor de outras vítimas de preconceito.
Mas após várias prisões, inclusive na Ilha da Grande, morre pobre e esquecido. O filme e a interpretação de Lazaro resgataram uma figura singular na História do país.
Diferente de muitos cantores de pagode, Lázaro, sabe ganhar dinheiro com seu talento, mas também o uso para gerar mais consciência critica na população. Neste papel, ele se iguala à outros grandes atores: Milton Gonçalves, Antônio Pompeu e Toni Tornado.
De volta à Evilásio, no começo até torci o nariz para o Romeu e Julieta interracial desempenhado por Lazaro, e Débora Falabela. Mas estou surpreso com o resultado nas ruas: há uma discussão sadia sobre o amor entre brancos e negros. E até reparei que há um aumento desta mescigenação. Bom para reduzir preconceitos.
Porém, prefiro o casal da novela Cobras e Lagartos, Lazaro e Tais, pois muitos homens negros foram educados pelos meios de comunicação à não sentir atração por mulheres negras. Exemplo: famosos jogadores de futebol e pagodeiros.
Mas haverá chance para isto se repetir: o personagem de Evilásio ficará dividido entre: a linda Sheron Menezes e a bela Débora Falabella. Qual ele escolherá e por que?